Cannabis infantil em 2025: quando a Justiça é o único caminho para tratar crianças

Em 2025, famílias ainda precisam recorrer à Justiça para garantir o uso da cannabis medicinal em crianças com epilepsia, autismo e doenças raras. A judicialização é a regra — e não o acesso.


Introdução: quando o remédio existe, mas o acesso é negado

No Brasil, enquanto a ciência avança e comprova os benefícios da cannabis medicinal no tratamento de doenças como epilepsia, autismo e síndromes raras, milhares de famílias se deparam com uma barreira que nada tem de científica: o sistema jurídico. O que deveria ser um direito básico — o acesso à saúde — se transforma em uma verdadeira maratona judicial.

O que fazer quando um médico prescreve a cannabis e o plano de saúde ou o SUS se recusa a fornecer? Para muitas mães e pais, a resposta é: estudar leis, procurar advogados e iniciar uma batalha na Justiça.


1. A cannabis salva vidas — mas o acesso é um privilégio

A eficácia da cannabis medicinal é comprovada por estudos no mundo todo, especialmente para o controle de crises convulsivas resistentes, espasmos musculares, dores crônicas e sintomas do autismo. Em muitos casos, a cannabis é a única substância que funciona após anos de tentativas com medicamentos tradicionais.

No entanto, o acesso no Brasil ainda é elitizado. Por quê?

  • O custo dos óleos importados ou nacionais pode ultrapassar R$ 1.000 por mês;

  • Os planos de saúde frequentemente negam cobertura, mesmo com prescrição médica;

  • O SUS raramente fornece, e quando o faz, é após longos processos judiciais;

  • Há poucas associações autorizadas para cultivo e distribuição.


2. Famílias viram advogados por necessidade

Diante desse cenário, mães e pais são obrigados a se transformar em defensores jurídicos da própria família. Estudam leis, buscam jurisprudência, aprendem a montar dossiês com laudos, exames e prescrições médicas. Tudo para tentar convencer um juiz de que a vida do filho depende de algo que já está cientificamente provado.

A frase mais comum entre essas famílias é: “A cannabis salvou meu filho, mas o sistema quase me enlouqueceu.”


3. E quem não tem dinheiro ou conhecimento jurídico?

O abismo social se torna ainda mais cruel nesse contexto. Famílias que não têm recursos para pagar advogados, comprar o óleo ou enfrentar os trâmites da Justiça simplesmente não conseguem o tratamento.

O resultado?

  • Crianças continuam tendo dezenas de crises convulsivas por dia;

  • Sofrem regressões no desenvolvimento;

  • Ficam sem escolarização adequada;

  • As mães, geralmente as cuidadoras, precisam abandonar o emprego;

  • A saúde mental da família inteira se deteriora.

A judicialização da cannabis é mais um reflexo de como o direito à saúde, no Brasil, muitas vezes depende do CPF e do CEP.


4. Escolas e profissionais ainda desinformados

Outro obstáculo recorrente está nas próprias instituições de ensino e atendimento. Muitas escolas, por desinformação ou preconceito, se recusam a permitir o uso da cannabis no ambiente escolar, mesmo com autorização legal.

Muitos profissionais da saúde também têm resistência em prescrever ou orientar corretamente as famílias, seja por medo, falta de informação ou barreiras ideológicas. Isso faz com que o caminho até o tratamento eficaz se torne ainda mais longo e desgastante.


5. O peso emocional de lutar por algo que já deveria ser direito

As mães e pais que enfrentam esse processo falam de cansaço extremo, sentimento de injustiça, revolta e angústia constante. Afinal, ninguém deveria precisar provar tanto para que uma criança seja tratada com dignidade.

Enquanto isso, o tempo corre. E com ele, o desenvolvimento das crianças, que muitas vezes perdem meses ou anos preciosos por falta de tratamento adequado.


Conclusão: o Brasil precisa evoluir — e rápido

Em pleno 2025, a cannabis medicinal ainda é tratada como tabu por muitos setores do Estado, quando deveria ser encarada como ferramenta terapêutica acessível. O uso infantil não pode depender de decisões judiciais individuais, mas sim de uma política pública de saúde baseada em ciência, empatia e direitos.

A judicialização precisa deixar de ser a regra e se tornar exceção. O acesso à cannabis não pode ser uma corrida de obstáculos para quem já está lutando por sobrevivência.


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Imagem via institutosanapta.com.br

Juliana Barreto

advogada

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