Em 2025, a realidade de muitas mulheres brasileiras é marcada por sobrecarga extrema. Mães exaustas enfrentam abandono parental, falta de apoio e ainda precisam garantir os direitos dos filhos — tudo sozinhas.
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ToggleIntrodução: a rotina que ninguém vê
É madrugada, o bebê chora, o celular vibra com uma notificação do trabalho e, no dia seguinte, é preciso enfrentar filas em órgãos públicos, consultas médicas e o preparo de mais uma refeição. Essa rotina, que parece exagerada, é apenas mais um dia comum na vida de milhões de mães exaustas.
A sobrecarga materna é uma realidade estrutural: recai quase sempre sobre as mulheres a responsabilidade integral de cuidar dos filhos, da casa e de si mesmas. E quando há separação, a carga triplica. Nesse cenário, a ausência paterna — muitas vezes emocional, afetiva e financeira — agrava tudo.
Neste artigo, vamos refletir sobre essa sobrecarga invisível, os impactos emocionais e jurídicos para as mães, e por que precisamos falar com mais seriedade sobre apoio, corresponsabilidade e justiça.
1. A sociedade ainda espera que a mãe dê conta de tudo
Mesmo com todos os avanços sociais, é comum que a responsabilidade pela criação dos filhos recaia exclusivamente sobre as mães. Isso acontece por diversos motivos:
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Naturalização da ideia de que “mãe é quem cuida”;
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Pais que participam pouco ou só “quando dá”;
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Falta de políticas públicas de suporte;
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Escolas e profissionais que se comunicam apenas com a mãe, ignorando o pai.
Enquanto isso, mães exaustas acumulam funções: cuidadora, educadora, enfermeira, provedora, advogada, mediadora. Tudo isso, geralmente, sem rede de apoio.
2. O agravamento após a separação
Quando há uma separação conjugal, a sobrecarga atinge níveis ainda mais alarmantes. Muitas vezes, o pai se distancia emocional e financeiramente — deixando a mãe responsável por:
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Cuidar da rotina diária da criança;
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Arcar com custos como escola, alimentação, terapias;
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Lutar judicialmente por pensão ou pela guarda;
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Gerenciar crises emocionais da criança pelo abandono paterno.
Esse cenário causa ansiedade, exaustão física e mental, baixa autoestima e sensação de solidão extrema.
E o mais grave: muitas mães deixam de cuidar de si para manter a estrutura da casa funcionando para os filhos.
3. A ausência paterna é também uma forma de violência
A ausência paterna — seja pela negligência, pela fuga da responsabilidade ou por manipulação emocional — é uma forma de violência invisível, mas profundamente impactante.
Não se trata apenas de não pagar pensão: é também se recusar a participar de decisões, faltar em compromissos escolares, ignorar aniversários e deixar de construir vínculo afetivo com os filhos.
Para a mãe, essa ausência gera revolta e exaustão. Para a criança, um sentimento de rejeição que pode durar toda a vida.
4. O peso de garantir os direitos dos filhos
Sem apoio, as mães precisam se tornar ativistas dentro da própria casa, lutando por:
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Acesso à escola ou educação especializada (no caso de crianças com deficiência ou autismo);
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Terapias garantidas por planos de saúde ou pelo SUS;
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Pensão alimentícia justa;
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Tempo de qualidade com os filhos, apesar do cansaço extremo.
Elas se veem obrigadas a estudar leis, buscar advogados, enfrentar processos e, ao mesmo tempo, cuidar de uma criança que muitas vezes também está fragilizada.
5. Onde está a rede de apoio?
Em muitas famílias, a famosa “rede de apoio” é inexistente. Os avós trabalham ou não moram por perto. Amigos se afastam. E até profissionais da saúde e da educação muitas vezes culpam a mãe por tudo, cobrando mais dela do que do pai ausente.
Precisamos urgentemente de políticas públicas, iniciativas comunitárias e — principalmente — uma mudança cultural que distribua a responsabilidade parental de forma justa.
Conclusão: mães exaustas não são heroínas — são humanas
É hora de parar de romantizar a mulher que “dá conta de tudo” e enxergar o custo emocional e físico que essa realidade impõe. Mães exaustas não precisam de palmas, precisam de apoio. Precisam de justiça. Precisam de tempo. Precisam, muitas vezes, apenas de alguém que olhe e diga: “você não está sozinha”.
Para mais reflexões sobre maternidade, abandono parental e direitos das famílias, acesse nossa rede social @julianapbarretoadv e acompanhe os conteúdos produzidos com responsabilidade e acolhimento.
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imagem via colegioflorenca